Tô Barbie na Caixa com o resultado do Desafio.

O Desafio acabou, antes que vcs me perguntem: Não, não ganhei o prêmio, mas me senti representada pelo terceiro lugar do Márcio. Ele é bom, não só nas lentes como na alma também. E claro que o segundo e primeiro lugar foram um arraso, na vida a gente sempre encontra pessoas melhores que a gente, mas isso não significa que a gente não seja foda, não é mesmo?
Se eu contar pra vcs que até dois anos atrás eu era uma dona de casa pacata e que meu maior desafio era acertar o ponto da massa de pão? Nada contra ser dona de casa pacata, muito menos fazer pão caseiro, mas putz mil vezes putz foi tão bom pra mim me encontrar na fotografia.
Eu ia pra igreja e o pastor falava: Todo mundo tem um dom, procure o seu, eu saía procurando debaixo das cadeiras, atrás do pulpito, nos corredores tipo: Onde a fada do dente deixou meu presente?
Quando fiz 45 anos, percebi que minhas crias cresceram, eu não tinha mais tantos fluídos humanos  pra limpar,  eles respiravam sem o meu auxilio, meu marido sendo reconhecido na sua área e eu? Bem, ninguém areia uma panela como eu, aposto que vc não sabe o segredo de deixar um uniforme escolar  imundo,  branquinho como eu.
Putz, mil vezes putz eu queria mais, um pouco mais, queria saber como eu seria sendo eu.
O que fazer? Vender roupa? Cosméticos? Manicure?
Um dia tomei coragem, respirei fundo, enchi o peito e disse: - Marido preciso de uma câmera reflex pois quero estudar fotografia. E saí correndo pra não ouvir o esporro que viria a seguir. Mentira!!! Eu nem sabia o que era câmera reflex, pra mim diafragma era método anti-concepcional e obturador era função de dentista.
O esporro não veio, ao contrário, chegou uma câmera novinha em folha, uma lente boa e um boa sorte que ecoa até hoje.
Escrevo pra dizer pra vcs, que estava dando Graças ao Pai que meu curso está acabando e que finalmente minhas panelas iriam brilhar, eu iria desencardir meus panos de chão e fazer bolos, tortas, geléias e nada de acordar cedo amaldiçoando o dia que vc foi inventar de estudar, na primeira fechada no Rodoanel pensar em retornar a vida "normal". Acontece que não sou normal. Esse pessoal do Desafio, do Senac, meus amigos, parceiros e posso falar? Os  professores nem  considero mais como mestres e sim como colegas de profissão. Pode tamanha ousadia? Então gente esse pessoal  extrai o melhor de mim,  meu lado criativo (olha que ser criativa aos 47 anos não é fácil não, porque vc tem uma puta idéia, mas esquece dela  cinco minutos depois) ousado, artístico, na arte eu sou livre como nunca fui em toda minha vida, na fotografia tenho segurança como nunca tive,  me sinto amada pelos clientes, modelos, colegas, me sinto mais amada pelos meus filhos (pode um um filho na adolescência amara a mãe? Quase um milagre), pelo meu marido e principalmente por mim.
Sendo amada por mim, eu amo. Eu amo o Allan e Felipe (tomei o cuidado em colocar o meu amor em ordem alfabética) são os meninos dos meus olhos, eu amo Camila, Daniel, Dayan, Ed, Everton, Guilherme, Gustavo,  Keka,  Leticia, Marquinhos, PC, Renato, Tatiana. Sou grata a Dafne ao Leo e tem a Luciara favor não confundir com Jaciara Macumbeira.
Sou feliz porque hoje  quando fui dar uma de tiete sem noção e entregar meu cartão, meu trabalho recebeu um elogio de alguém que nunca esperava em conhecer na minha vida, quanto mais...É a vida é muito louca, vc começa a caminhar e acha que vai até onde sua visão alcança, mas derrepente vc se encontra num lugar onde nunca se imaginou.
E vamos parar com esse papo que mais parece um testamento.
Tô bege plastificada, Barbie na caixa.
Putz mil vezes putz.