Acabou.

Hoje foi meu último dia de aula.
Foi uma experiência incrível, o melhor que poderia ter feito a mim mesma, ter uma profissão me deu auto confiança, segurança, auto estima, esperança e me rejuvenesceu mais que um milhão de aplicações de botox.
Tive os melhores professores que alguém pode esperar ter, a infra estrutura é maravilhosa, não é atoa que o SENAC/SP é referência na área
Sempre gostei de me expressar, mas não sabia como, hoje tenho um canal de expressão onde me sinto livre, um território meu, amo o que faço pois nesse território não existe demarcações, vou até a música, a arte ao cinema, volto para fotografia, vou até poesia, prosa e venho faceira com o  resultado das minhas buscas.
Mas agora acabou, graças a Deus acabou. Ué não foi bom? Foi, mas estou pronta para o melhor.
O curso já serviu ao seu propósito, a matéria que era pra ser fantástica, acho um tédio (não é culpa do docente, eu é que cansei),  pessoas que achava incríveis, apenas suporto, o estúdios que eu achava o máximo...
Meu amor chegou ao fim é melhor separar para que restem boas lembranças.
Se vou sentir falta? Não.
Tudo bem daqui a três meses posso estar morrendo de saudades é que escrevo no auge do cansaço do fim de um relacionamento que desgastou.
Cansei do trânsito diário, de acordar de madrugada, de correr pra chegar, correr pra partir, fazer almoço as madrugadas, cansei de não ter tempo, cansei de não ler, de não ir ao cinema, exposições, concertos.
Minha vida se transformou numa crônica dessas sem pé nem cabeça, quero a poesia de volta.

Me faz lembrar de uma cartinha que escrevi quando vivi na Espanha e mandei com cópia para minhas amigas . Vou transcreve-la aqui, não vou corrigir os erros, pois pra mim seria como corromper aquele momento, como se adulterasse a cena e vou confessar que até achei bonitinho confundir os idiomas enquanto escrevia.

a data da foto não corresponde a data real, pois era primavera e lá janeiro é inverno e a árvore não estaria florida assim.

Esta é a imagem que vejo da janela da minha cozinha.

Esta arvore obviamente já estava ai quando eu cheguei, mas era outono ela estava seca e sofrida me parecia inútil afinal não cumpria um propósito não dava sombra,  frutos, flores e nem era bela.

Este era meu olhar.

Passou frio, passou a garoa, passou o gelo, a escuridão, a indiferença das janelas fechadas em sua direção, “de repente” abri a janela e lá estava ela toda florida toda linda me dando bom dia me dizendo que o tempo passou que o mais difícil ja foi, estamos quase na primavera que o melhor ainda não chegou.

Ela veio me contar que tudo é cíclico que as mudanzas fazem parte,  mesmo que custem, porem nos dão nova direção , novo olhar, novo afeto, enche  a alma   de coisas novas, ficamos quase irreconhecíveis…….  como ela.

Desde então ela virou minha amiga, enquanto cozinho e  experimento receitas locais,  misturo ingredientes, ervas, especiarias, que na mayoría das vezes eu nem sei para que servem,  qual o sabor qual a sensação envolvida é então que me misturo também aos ingredientes e começa uma simbiose louca.

Enquanto estou nas panelas  olho para ela com admiração e acho que me tornei uma mulher que cozinha palabras e ela, em vez de  flores começa a dar refrão, poesia, soneto, letras de musica, e eu  a rego todo dia com contos, com crônicas e com toda minha gratidão.

Este é meu olhar…..