Já saiu da rotina hoje?

A rotina apressada em que vivo quase dita quem eu sou, se não fosse um esforço tremendo meu em não andar pelo caminho mais fácil,  aquele trilhado pelos afazeres cotidianos eu não seria quem eu quero ser e sim quem as circunstância me moldaria.

Por exemplo, basta um minuto de distração e eu não deixo o motorista que está dando seta a meia hora, parando todo o trânsito na via contrária passar, por que afinal de contas tenho pressa...
Se não presto atenção eu saio correndo para o caixa do supermercado, atropelando a pessoa que estava se aproximando, porque claro tenho meus afazeres....
E para estacionar no shopping quando vou a academia? Quero parar na porta, afinal tenho minha rotina a ser cumprida e por favor não ouse ser mais esperto que eu.
A rotina é boa, nos dá segurança, mas ser dominada por ela a ponto de não prestar atenção ao próximo é muito ruim, deixar escapar das suas mãos o controle da sua vida e de quem você quer se tornar é uma pena.

Quer um exemplo?

Um dia desses estava na padaria, uma dessas grandes que é pizzeria, restaurante, confeitaria, panificadora etc. Percebi a minha frente que uma estrangeira estava com dificuldades de pedir o pão que ela queria. Eu, por um momento fiz de conta que não era comigo, estava com pressa, porém rapidamente  recuperei o controle da minha vida  e entendi que ela era de lingua espanhola e que poderia perfeitamente ajudá-la e assim fiz.
Ontem retornei a padaria,  estava na fila do caixa quando alguém sorrindo me deu um pacotinho, um agradinho desses que a gente pega ali na hora, eu surpresa a reconheci, era aquela senhora que depois soube,  é espanhola  queria me agradecer,  estava grata por eu ter prestado atenção nela, ter saído da minha rotina e ter oferecido um pouco da mim à ela. Ficou claro quando eu comecei a falar que eu não era espanhola, isso trouxe uma identificação maior ainda entre nós, pois a língua tem disso, ao mesmo tempo que separa, une.
Uma vez em NY os meninos estavam fazendo seu pedido, quando perceberam  pelo sotaque do garçom que ele era um hispânico, na mesma hora eles começaram a falar em espanhol, imediatamente ganhamos um sorriso lindo e  afetuoso do garçom, aquele sorriso que a gente dá quando se sente acolhido, quando a gente está com a nossa turma e novamente ficou claro que não éramos espanhóis, mas o fato de nos esforçarmos para falar a língua dele quando seria mais cômodo falar a lingua local, uniu, ligou. Tenho certeza que fomos as pessoas mais bem atendidas do restaurante hehehe.
No Japão aconteceu algo semelhante, mas no caso a pessoa era italiana.

Que o costumeiro, o obvio, o esperado nunca seja mais forte que a nossa essência, que possamos estar sempre disponíveis para uma simbiose única que é se misturar e trocar.

Tudo isso para falar que a rotina é boa, mas  reconhecer quando o melhor a se fazer é sair dela, traz mais sabor e viço aos nossos dias.

Esse foi um dia que saí da minha rotina para estar com ela (s)

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