Vapt-Vupt! De adolescente passei a ser uma senhora de meia-idade e nem percebi. Cadê a minha vida que não vivi? Onde foi parar? Onde eu estava quando tudo isso aconteceu? Meus filhos passaram da condição de bebê a adolescentes e eu nem reparei. Falta de sensibilidade a minha né?
Mas eis que parei por 163 minutos , eu parei, o meu relógio não. Ai que sentimento de impotência absurdo! Parei para assistir a passagem da infância para juventude tão bem retratada em Boyhood.
Que conta a história de um menino que durante a filmagem vai se tornando adolescente, o filme levou doze anos para ser completado, os protagonistas foram envelhecendo, as crianças foram crescendo ao longo desses anos. Tudo ali debaixo dos meus olhos.
Por a vida andar muito rápido sem que eu perceba, eu me deleitei em observar o tempo passar, tendo todo domínio sobre ele, percebendo as mudanças de comportamento, na política , na música, na moda, percebo detalhes que na minha vida passariam batido, mas naquele momento eu tinha disponibilidade e estava totalmente receptiva e atenta então não me escapou nada.
Amei como é descrito no filme as crises existenciais dos adultos, a viagem que é crescer e tentar encontrar o seu lugar na sociedade de um menino. Vi meu filho retratado tantas vezes, vi a luta de uma mãe para criar seus filhos sozinha, tão igual a tantas que conheço que ela poderia sim se chamar Vera, Iara, Jacy, Vanessa... Eu poderia sim ser a mãe com dedo podre para escolher seus namorados, por que não? Aliás esse filme nem parece americano, não tem nada de pasteurizado, os atores protagonistas não são bonitos level Angelina Jolie / Brad Pitt. As crianças não tem a assepsia de um comercial de Sucrilhos. Achei honesto, real, no final a mãe diz uma frase :"esperava que a vida fosse alguma coisa a mais que isso." Quem nunca?
Apesar do telespectador ter a ilusão de ter o controle da passagem do tempo daquelas pessoas, o filme mostra de maneira esplêndida que passamos pela vida sem saber o que nos espera no próximo passo, mas nem por isso a vida deixa de ser maravilhosa, os momentos deixam de ser ternos.
Esse filme me fez parar para enxergar a beleza ordinária do cotidiano como algo que realmente
é: "extra-".
Saí da sala de cinema com a sensação de Já??? Doze anos foram poucos? Quero mais!
Não me restou outra alternativa a não ser voltar para casa com a firme determinação de viver o meu cotidiano como algo que se repete, mas não da mesma maneira, não da mesma forma. Isso é viver extraordinariamente.
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A Filha Distante.
Filme argentino, delicado, simples, fala sobre a difícil relação de um pai ex-alcoólatra e sua filha.
Os argentinos ao contrário dos brasileiros entenderam muito bem a diferença de fazer cinema e fazer televisão. No Brasil se faz filmes para Rede Globo, salvo algumas exceções , como Elena que realmente é um filme de arte.
Filmado na patagônia argentina a fotografia é um desbunde.
Gostei muito.
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Saint Laurent
Este ano tivemos duas películas sobre o famoso estilista, confesso que gostei mais dessa última que está em cartaz, mostra o lado B do gênio.
Yves o drogado, o maníaco depressivo, o lascivo mas também mostra o talento a fase mais produtiva dele.
O que mais gostei na verdade é ver como ele se inspirava na música, na pintura para criar. Acredito muito no casamento das linguagens, como quando ele se inspira na obra de Mondrian "Composição com Vermelho, Amarelo e Azul" para fazer a coleção que foi o pulo do gato na sua carreira e na história da moda.
A música está sempre presente, trilha sonora vai da ópera o que adoro (Callas) ao underground.
Era um grande colecionador de arte.
Muito bom, vale a pena.
Amei o post.....Se minha pia tbm não tivesse transbordando juro que iria numa locadora o mais rápido possível.Mas segunda é dia de faxina e faxina é limpar a alma.
RispondiEliminaDridri Machado
emocionante teu texto, amei, compartilhei.Passa tudo rapido demais, mesmo, mas a gente pode ter a sensação de que o tempo não voa quando a gente o saboreia, ao invés de só engoli-lo. Cinema é tb uma maneira de saborear a vida, o tempo. Beijoooo
RispondiEliminaLindo texto. Obrigada pela deferência!! :) Fe Reali disse tudo em "o tempo voa quando a gente o saboreia, ao invés de só engoli-lo". Tudo são fases. Passei pela fase de aproveitar a vida ao máximo - atropelando tudo como se não houvesse amanhã - até chegar a esta que me encontro......lenta e degustando os dias como um bom vinho. Amei as dicas. bjus!
RispondiEliminaseus textos são sempre bons, sempre! este em especial que nos faz refletir com o tempo, o porém é como gastamos ele? hoje eu mesmo tendo lido bons posts, visto vídeos emocionantes, estou me sentindo angustiada, nem sei pq, ai parece que meu tempo esta sendo disperdiçado, vivido mas morto, aff melhor eu parar pq esta não sou eu, sou alegre disposta e não quero fazer vc perder tempo lendo coisas ruins depois de um texto como este.
RispondiEliminaLolaterapia
bjs