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domenica 9 settembre 2012

De tudo um pouco. Amém!


Minha máquina de lavar quebrou.
 Santa Ivanilde padroeira das donas de casas desesperadas me socorreu.
- Dona Ivanilde?
- Se a senhora está e ligando pra adiantar o dia da faxina, já vou logo dizendo que não posso não.
Maldita novela das empreguetes pensei eu.
- Não Dona Ivanilde, estou ligando pra pedir se a senhora pode lavar minha roupa na sua máquina, eu levo a roupa, sabão, amaciante e pago a senhora.
- Ok Claro que pode.
Foi assim por duas semanas. Ontem fui buscar a última sacola já que minha máquina ficou pronta.
Era sábado de um fim de semana prolongado, o bairro simples cheio de gente nas ruas, música alta emanando de todas as janelas e minúsculas portas, crianças com cabelo molhado e roupa limpinha (sinal de banho tomado), dividiam as calçadas com as mães loucas por um bate-papo e um pouco de folga entre o almoço e o jantar.
O colorido das paredes me lembra San Telmo (sem estilização), paredes sem rebocos, latas de tintas que agora reencarnaram como vasos, o moço que grita "Olha o bijú....", pessoas que se aglomeram em torno do vendedor de espeto de carne de segunda e que se sabe lá o porque  parece uma delícia.
Tenho amigas que não podem ir a feira livre, pois os maridos temem sequestro, imaginem se elas estivessem  ali na tão aclamada "estética da periferia"  pelos artistas badalados. Estava feliz, me lembrava dos meus tempos adolescentes, que encerava a casa aos sábados deixava tudo limpinho para a tarde assistir O Cassino do Chacrinha e a noite ia para a calçada ver os "boys" com seus fuscas tunados ( naquela época se chamava equipados), suas CBs 400, ouvindo " hummmm quero vc como eu quero" reduzindo todos aqueles boys em  possíveis maridos.
Vi meninas cheirosas, perfumadas com cabelos imensos e bem cuidados (se tivessem vinte centímetros a menos), indo para igreja com seus vestidos azul celeste, pink ou preto (um preto nada básico).
Me lembrei também que meu mundo se resumia nisso ou bem menos que isso, vivi minha adolescência, esperando o fim do mundo.
Minha mãe muito religiosa esperava o fim do mundo com muito esmero e queria que eu o esperasse da mesma forma.
Alguém com a vida toda pela frente, esperando o fim? Pode? Não pode, mas acontece,  ainda hoje acontece.
A religião, o termo religião significa religar-se por ironia me separou da minha mãe, pois eu queria o mundo pra mim e não vê-lo acabar simplesmente e ela não conseguiu aceitar isso. Eu que fui criada, não para ser feliz agora, mas ser feliz depois do armagedom, tenho horror de um Deus que nos cria para sofrer e ser feliz sabe Ele quando.
Por causa disso sofri muita rejeição, não só da minha mãe, mas do meio em que fui criada e isso persiste até hoje quando encontro "a galera do passado".
Voltando ao bairro da Dona Ivanilde. Amei, queria ficar até o fim da festa, se é que teria fim. Talvez termine no final do mês quando acaba do dinheiro da mistura, da feira e do salgadinho do Alexander levar pra escola.
Bem voltando ao meu mundinho: foto/blog/face/plantas/família/gatos....
Esta noite tive um sonho: Ia viajar sozinha para o Rio e me causava espanto o fato de ir ao Rio para um compromisso meu e não do Paolo e todas as pessoas estavam dispostas a colaborar para isso, mas eu me atrasava, me distraia e não conseguia fazer o chek-in  conversava demais com os desconhecidos que encontrava, o avião estava saindo e eu não conseguia chegar até ele, os funcionários da companhia aérea faziam de um tudo para eu embarcar, mas eu errava as entradas, o caminho até a aeronave como se algo me puxasse para trás.
Eu não sei ao certo o que esse sonho significa, mas que significa, significa.
Santa Ivanilde que nos dê a revelação...
Amém.


15 commenti:

  1. É... Qtas lembranças algumas coisas nos trazem... A vida é cheia de mistérios...
    Para nossa sorte, o mundo não está acabando! Não se depender de nossa vontade de viver muito mais o q ele tem para nos oferecer...
    Lindo post! Bjs. ;o)

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  2. Adorei te ler...alhás amei!
    essa estória não é diferente da minha!

    "Me lembrei também que meu mundo se resumia nisso ou bem menos que isso, vivi minha adolescência, esperando o fim do mundo."

    abraços!

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  3. Oi querida,
    Adorei ler isto.
    Me lembrei na hora, uma época quando era adolescente, morava (e moro) perto de uma grande empresa de celulose e houveram uns boatos que a empresa iria "explodir", foi um Deus nos acuda na cidade, as pessoas indo embora, tentando vender suas casas, mas meus pais nada fizeram, só diziam para nós, os filhos, isto não pode ser e, vamos esperar para ver se nossa cidade vai acabar mesmo. claro que isto não aconteceu !.

    bjs
    Mana

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  4. Que relato, amiga!!! Adorei!!
    Tantos pensamentos errados de um Deus misericordioso e bom né???
    E que sonho é esse?? Vem logo pro RJ que quero te dar um abraço!! Grande bj, boa semana!!!!

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  5. Que lembranças gostosas...De vez em quando através de alguns cheiros e sons me lembro de como era bom ser adolescente na minha época. Chacrinha, novelas, músicas, bolo de banana e Guarapan...
    Que bom que hoje o evangelho é pregado de uma maneira onde podemos ver o quanto Deus é maravilhoso e sendo assim o servir com racionalidade.
    Abraço♥♥♥

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  6. ...ou seja...as pessoas que ainda podem no fim do "dar um duro danado" colocar a cadeira na calçada podem dar-se a luxos de convivência real que a gente, entorpecida pelo "calor virtual" do face finge não querer...
    quando saí de 13 anos de chácara para um bairro de gente simples(pós-separação) morria de inveja branca dos vizinhos que faziam fileiras de garrafas de cerveja no "meifiu", com meio círculo de cadeiras dispostas assim para facilitar o olhar nos olhos pra conversar e rir muito...ah, como sei o que é, eu ali sem os amigos que lotavam a beira da minha piscina e adoravam me ver surgir com jarra de 2litros de caipirinha da cozinha...derrepente haviam evaporado...e eu ali, com a única cia do arrulhar de felicidade dos vizinhos em fim de tarde...ah, como sei de eu ali assim, diacuy...

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  7. olá, significa que está na hora de vc alçar võo, o seu vôo.. bjks LIN

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  8. Lolita! Belo texto. Mas, se tem uma coisa que eu detesto é ter que passar em ruas "festivas" tipo essa que você citou. Sou chata nesse ponto.

    A religião quando beira o fanatismo deixa as pessoas alienadas, eu vivo para ser feliz agora e sempre!

    Beijos.

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  9. Oi Lorrayne. Assim na forma poética fica até bonito. Mas não tenho saudade nenhuma da periferia. Casa só no bloco sem reboco e esgoto passando na frente do meu portão são detalhes que não gosto nem de lembrar....Não trago nada dessa época...nem as pessoas....Bjus!

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  10. Entendi o texto e amei.

    Não basta passar por um lugar, tem que se ter a sensibilidade de entendê-lo.

    Minha adolescência foi neste estilo.

    beijos

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  11. Eu espero pela felicidade eterna depois do Armagedom, mas nem por isso me consumo imaginando quando e a hora que vai ser. E mesmo com esse mundo cruel, cheio de violência(sinais que o fim está próximo)tento ser feliz no meu mundinho familiar.
    :*

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  12. Oii Texto bem humorado da vida real, sem maquina de lavar não sou ninguém, rsrs bjoosss

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  13. Oi Di! Que bom que podemos ter a certeza de que Deus é bom e misericordioso, que Ele nos ama, que Ele não faz acepção de pessoas, e que podemos escolher o jeito que queremos levar a nossa vida. A escolha é de cada um, as consequências também serão nossas. Eu acredito na felicidade eterna, acredito que a morte e a dor um dia não existirão mais.
    Bjos, Lú.

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  14. Nossa, Di, eu tbm passei minha adolescência morrendo de medo que o mundo acabasse, nao pela minha mae, mas por causa de uma tia, bem religiosa, uma super querida tia, mas que naquela época, pegava toda sobrinhada la de casa e as 18 horas faziam oracao com a gente e o tema preferido dela e que nos causava panico, era claro, o apocalipse... nossa, que medo das 6 horas, ate hj me bate uma tristeza nesse horario :-(

    gosto mt qt tu escreve um pouco mais que o normal!

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  15. Lola minha avó ( e fui criada por ela) tinha o disco( de vitrola mesmo) com a história do apocalipse, lembro de anoite sentar com ela na sala e ficar ouvindo!Até hoje não saí pra conhecer o mundo como você, mas também não espero o fim dele ahahahha
    É estranho ter sonhos assim, eu pelo menos , fico pensando se é um aviso, se tem algum significado sei lá!

    bjs

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